PRESS KIT
Ficha Técnica

01 - Cefalópode
02 - Catinga
03 - Latinos
04 - Corda Bamba
05 - Fudidos
06 - Brazuka Noir
07 - Forró de corda
08 - Rua

Arranjos, programações, guitarras, viola da gamba, traquitanas - Craca Beat
Flauta - Gil Mokoi Igarussu
Zabumba - Arnaldo Nardo
Mixagem - Craca Beat
Capa - Craca Beat


FAIXA A FAIXA

1-Cefalópode - designa seres que possuem tentáculos na cabeça. 
O título foi escolhido por tratar-se de mais um animal marinho repugnante que Craca traz para sua cosmogonia. Estamos falando de moluscos. Os popularmente conhecidos como polvos ou lulas. 
Mas o título também veio inspirado nos personagens extraterrestres de uma das mais importantes escritoras negras de ficção cientifica, a americana, Octavia Butler. Em seu livro “Despertar” Lilith é  prisioneira de cefalópodes humanoides que a preparam para liderar a recolonização da Terra após sua estupida destruição pelos proprios seres humanos. Tudo a ver com a concepção desse personagem humano-crustáceo encarnado pelo Craca.

2-Catinga - A segunda faixa do disco traz o tempero brasileiro que vai reaparecer em diversos momentos ao longo do álbum. É um brasil seco, quente, de vegetação baixa, retorcida e espinhenta. É um nordeste com tempero de guitarrada. Um sobrevoo por essa geografia que nos é tão familiar. Mas tem uma reminescência moura. Um timbre aparentemente árabe. Como um ‘oud’. Esse tipo de sonoridade que só é possivel aos instrumentos não temperados (que não tem trastes) e às escalas tensionadas que, de alguma forma, compõe a sonoridade que passamos a entender como nordestina. O Brasil é um caldeirão de epseciarias. 

3-Latinos - a primeira faixa “cantada"do álbum. Na verdade não é cantada. É falada. Inevitavelmente influenciado pelas suas parceiras musicais a MC Dani Nega e a compositora Sandra-X, ambas grandes criadoras de ‘spoken word’, não houve outro caminho para o Craca ao abrir a boca senão o de falar ao inves de cantar. Melhor assim. Vai por mim.
Latinos é também a unica faixa falada em outro idioma: o espanhol. Craca optou por esse idioma por entender que a maioria dos paises latinoamericanos falam o castelhano ou o espanhol. Profundamente inspirada no povo latino e na formação cultural deste continente, a faixa propõe uma reflexão identitária que, provavelmente, o brasileiros, geograficamente e culturalmente de costas para o resto desse território, tardarão em compreender. A America Latina somos nós e a historia tragica de todos os povos originários ou para cá trazidos. Como conta Eduardo Galeano em seu infelizmente atual livro “As veias abertas da America Latina” o que nos unifica é a desgraça a que nos submeteram. Ainda assim, (e talvez por isso mesmo) é possivel sentir orgulho de ser latino. A musica termina como que tratando de nos relembrar que somos todos latinos compay, hermano, che, weon, lista de vocativos em diversas nacionalidades latinas, que ao vivo Craca faz ser muito mais extensa, e que significam, afinal o mesmo: companheiros.

4-Corda Bamba - outra na onda da guitarrada desconstruida. Uma melodia torta e repetitiva que “puxa o tapete” do compasso reproduzindo a vertigem de quem se mete a andar numa corda bamba ou no fio de uma navalha. Uma emoção em crescente contínuo que parece nos levar a algum lugar. Mas que lugar é esse? Marca forte dessa musica é a linha de baixo: Craca não consegue se livrar de seus caguetes de instrumentista e bota nota nesse groove fazendo-o soar orgânico como se alguem tocasse o instrumento. O resultado é fogueira.  

5-Fudidos - como o proprio título deixa claro… é como nos estamos. Esta faixa poderia ser a trilha sonora do atual processo politico em que nos atiramos.
Segunda faixa falada do álbum, desta vez em portugies, trata mesmo de nossa condição social onde “estamos todos no mesmo barco” em pleno naugrafio “mas no bote salva-vidas, quem paga sobe e quem sobe paga”. Uma crônica desse colapso que se tornou a humanidade. 
No estulo dub que Craca revista frequentemente, principalmente em seu trabalho junto à MC Dani Nega, a música tem uma narração enfadonha, uma quase pregação. Só falta passar pra recolher o dizimo dos fieis, iludidos com as promessas de salvação. Mas como boa mutuca que não desiste de incomodar, Craca fecha: “aqui estamos todos cansados mas ainda não fomos vencidos”.


6-Brazuka Noir - Agora sim! O Brasil que vence! O Brasil que vai pra frente. O Brasil de que nos orgulhamos! Sem duvida não é o Brasil do futebol (aff!). É o Brasil do 14Bis.  O Brasil do Santos Dumont. Brazuka Noir poderia servir de trilha sonora pra esse cinema  preto e branco de alto contraste, sobretudo e chapeu. Mas é também uma homenagem à esse brazuca que ganhou o ar! O Brasileiro que voou! Um verdadeiro Heroi. Não um mito criado na burrice das redes sociais. Um heroi generoso, que após sua façanha admirável  compartilhou o projeto de sua Demoiselle com a humanidade sem preocupar-se com o lucro. Uma espécie de precursor do Creative Commons. Um gesto nobre, cada vez mais raro. 
Brazunka Noir já é lançada junto a um vdeoclipe filmado em plano sequencia num galpão de marcenaria completamente videomapeado. A centro desse cenário, está Craca executando a musica e a projeção, ao vivo, com suas traquitanas audiovisuais. O clipe é um bom exemplo do espetaculo que viria a ser o show deste disco.

7-Forró de Corda - Voltando às guitarradas adulteradas, um forro sem sanfona. Um forro de guitarra e noises digitais.  Uma correria pra atravessar a mata e chegar numa refrescante cachoeira como Craca propõe no videomapping que acompanha essa faixa em seus shows. Quem já teve essa experiência de se enfiar por entre as arvores e arbustos pra chegar em algum dos milhares de paraisos aquaticos deste bem afortunado pais, vai entender.

8-Rua - Vixe! Essa faixa vai com supremo e com tudo! E não tem mais sangria que estanque nesse pais! A mais politica e mais dedo na ferida de todas as musicas faladas deste projeto. Irônica tanto no texto quanto nos grooves. Nõa há muito o que dizer: rua pra disputar!  Essa é a moral da história. Quem perde a rua, só se mantem pela força bruta. A senssação síntese do momento é aquela do filme O Ódio (La Haine, 1955) de Mathieu Kassovitz onde um dos protagonista diz logo na abertura  “é a historia de um homem que cai de um predio de 50 andares. Para tranquilizar-se durate a queda, repete constantemente para si mesmo: até agora tudo está bem. Até agora tudo está bem”. 

No videoclipe preparado para esta musica, imagens das muitas manifestações de professores sendo violentamente reprimidas pela desproporcional força dos agentes do Estado. Concentrações amarelas diante de grandes patos. Adolescentes fugindo de bombas e borrachadas. Cenas diversas da recente tragédia politica barsileira projetadas e refilmadas nas paredes da Travessa Roque Adóglio. Uma ocupação artistica espontânea ocorrida numa deteriorada passagem de pedestres num bairro da cidade de São Paulo onde artistas e comunidade uniram-se de forma espontânea e não centralizada em torno da criação de um espaço comum e democrático de convicência e fruição artistica. Craca foi um dos participantes ativos dessa ocupação tendo aplicado a ela diversas instalações artsiticas. Lamentavelmente a pequenez do poder publico decidiu inconodar-se com a cidadania e a consciência que o espaço promovia e encarregou-se de destruir completamente as muitas obras de arte lá instaladas, deixando-o em ruinas que os proprios moradores da região tiveram que retirar. Mais um triste episódeio de violência protagonizado pela atual prefeitura da cidade, a mesma que poe fogo em colchão e barraca de dependentes quimicos da Cracolândia durante a noite de Virada Cultural. A escolha da locação para a filmagem desse clipe busca, apresentar o pensamento de Craca quanto à essa expressão repetida tantas vezes ao longo da musica: “Rua pra disputar”.  Que disputa é essa?  Manifestações na Paulista? Certamente sim. Mas sabemos que a imprensa subserviente boicota esses esforços. Craca testemunhou mobilizações gigantescas de professores e trabalhadores em diversas manifestações, muitas sob chuva e intenso frio e muitas com dezenas, talves centenas de milhares de pessoas, sem que nada se visse na imprensa no dia seguinte. Nem a dura repressão dos raivosos batalhões da PM. Assim, questiona: será que gigantescas manifestações invisibilizadas pela midia são a unica forma de disputar as ruas? A experiência da Travessa é simbólica nesse sentido. Não fosse poderosa, não teria sido destruida pela prefeitura. A rua tem que ser disputada por todos. Mas cabe, especialmente aos artistas, interferir nelas com sua irreverência questionadora pois é fundamental inquietar a reflexão sobre todo este processo.
CRACA - TRAQUITANA AUDIOVISUAL
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SOMOS LATINOS

Somos casi todos negros Somos casi todos indios Somos chinos, japoneses, Somos todos latinos.
Somos portugueses, holandeses, americanos y franceses.
Somos golpes de estado
Somos senhores de esclavos.


Somos felizes
Somos solares
Somos la tierra y somos los mares
Somos de todos lados Somos una gran rodoviária. Somos muchos vecinos Somos todos latinos.

Somos salvages, antropófagos. Violentos y Capitalistas
Somos odio y dinero
Somos entreguistas
Somos conflito y celebracion Somos dura repression Somos fiesta de la carne Somos ditaduras militares

Somos capoeira, Jarana, Cueca y Chacarera Tango, Bambuco, Charanga, y habanera

Somos nuestra historia olvidada
Somos mala Leche y leche derramada


Somos imigrantes Somos exilados Somos desunidos Somos demasiados
Somos lo que no afanaron los monarcas Somos nietos de esclavos.
Somos el jardín de los yankees
Somos catequizados

Somos el Gran Chaco, Sierra Madre, Amazonia o Pantanal
Somos Atacama, titicaca, Patagonia y America Central
Somos anônimos Somos ordinários Sonos salvadores Somos heroes diários

Somos el paraiso verde. Somos lucha de classes Somos abundancia y carência Somos desastres... artificiales.
Somos mujeres y somos hijos Somos guerrilleros
Somos todos latinos

Somos bien venidos y somos indeseados Somos andantes y somos cansados
Somos andinos, de muchos caminos y pocos destinos
Somos latinos! Somos latinos, carajo! compay!
hermano
guey
cabron
che
cara
mano
weon
pani (quechua irmão) tuni (quechua irmã)
FUDIDOS

Estamos todos no barco
Estamos todos envolvidos
Estamos todos implicados
Estamos todos iludidos
Estamos todos reféns
Estamos todos falidos
Estamos todos afundando
Estamos todos fudidos
_____________________
Estamos todos cercados
Estamos todos atados
Estamos todos domados
Estamos todos no mesmo barco.
Estamos todos surrados
Estamos todos punidos
Estamos todos ferrados
Estamos todos fudidos
Este texto é para todos
Mas nem todos me dão ouvidos.
Estamos todos quebrados
Mas nem todos estão famintos
Estamos todos indignados
Mas nem todos estão comovidos.
Foram todos incriminados
Mas nem todos estão detidos
A lei está acima de todos
Mas só alguns estão proíbidos.


Mas no bote salva vidas,
Quem paga sobe e quem sobe paga.


Aqui, estamos todos cansados
Mas ainda não fomos vencidos
RUA

Sarna pra se coçar!
Chuva, pra se molhar
Carreira, pra se lançar
Ajuda pra se achar
Idolos, pra se curvar
Roupinha pra provocar
Carnaval, pra se rasgar
Ressaca, pra segurar

Macetes pra se virar
Sorte pra se abusar

Mentiras pra se contar
Noticias pra deturpar
Concenso pra se forjar
Otários pra recrutar

Decisão pra se acatar
Animos pra se controlar
Escandalos pra abafar
Massas pra manobrar

Medo pra doutrinar
Números, pra embasar
Factoides pra engajar
Jeitinho pra disfarçar

Procedimento pra se implantar
Direitos pra barganhar
Leis pra te achacar
Sangria pra se estancar

Bombas pra desviar
Protestos pra se somar
Correria pra dispersar
Coragem, pra se ferrar
Ordem pra avacalhar
Rua pra disputar

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SOBRE A CAPA
A capa lança mão de tecnologia baseada em Inteligência Artificial para gerar um hibrido homem/crustáceo. Duas imagens foram imputadas no sistema: uma imagem principal, do rosto do Craca e outra imagem de diversos crustáceos que serve de banco de dados. O sistema, então, busca padrões semelhantes recriando a imagem principal com o material da base de dados.

Neste processo, Craca faz uso de um dos mais polêmicos recursos tecnológicos com o qual o ser humano passará a lidar nos proximos anos: a inteligência artificial. 

Maravilhosa enquanto ferramenta, AI é também uma das mais temidas vilãs da força de trabalho e do emprego. Em rápida evolução, torna-se a cada dia mais eficaz em substituir o caro trabalho intelectual humano e em gerir sozinha, complexos sistemas que outrora demandavam enormes equipes de trabalho.

Verdadeira polvora do século XXI a Inteligência Artifical produzirá espetáculos de beleza inigualável e guerras como nunca antes vimos.

Estamos preparados?
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